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Agridoce

Um mundo à tua medida!

O amor em dias nublados

24.12.18, Mafalda

De vez em quando, pela calada da noite abro a janela e deixo o vento despentear-me os meus já tão despenteados cabelos. A chuva a roçar-me na face como se de uma amante sorrateira se trata-se. Deixo as folhas a baterem umas nas outras e a água a cair serem a minha orquestra.
No céu escuro de dezembro procuro estrelas, elas estão lá, por de trás das nuvens que cobrem o céu com o seu manto pesado, só que, por mais que tente não as consigo ver.
Pergunto-me se o teu amor se esconde assim como as estrelas por de trás das nuvens, pergunto-me se em dias menos nublados é possível vê-lo a pulsar-te pelas veias e a fazer-te quase voar com a leveza que te enche a alma. Já o procurei vezes sem conta, nas palavras vazias que me disseste, nos beijos que sabem a tão pouco, nas tuas mãos que costumavam saber as minhas de cor.
De vez em quando juro que ainda o sinto. Sinto nas tuas palavras uma réstia de algo que prova que um dia já me soubeste amar. Às vezes, pela calada da noite pergunto-me se também estás acordado do outro lado da cidade, na tua janela. A tentar cheirar o céu como te ensinei, a pensar nas vezes que nos rimos sobre a minha tendência estúpida de quebrar coisas frágeis. Pergunto-me se sabes que quase sem querer, desta vez foste tu que quebraste o meu frágil coração.

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Queria falar-te do que não tem conserto

19.12.18, Mafalda

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Queria falar do que não tem conserto. Queria falar te das histórias de amor que não acabam em felizes para sempre e dos corações partidos e das inúmeras vezes em que o mundo é injusto. Queria falar-te das horas que passam devagar por aqueles que se sentem perdidos neste mundo onde tudo é temporário e onde ao contrário do que nos ensinaram nada dura para sempre.

Queria falar-te dos amantes que se vêm de vez em quando sobre a luz do luar mas que não se podem tocar, como se uma parede invisível os impedisse. Queria falar te da história onde o Príncipe não vai à procura da Cinderela, e onde a Bela adormecida não é salva por um beijo de amor verdadeiro. Não te queria falar das histórias felizes onde tudo resulta, queria falar-te das histórias onde tudo é real e de como os corações partem e o destino não existe e como de vez em quando não existe uma cura mágica, uma solução fácil e a vida simplesmente acontece.

Mas depois olhei para os teus olhos, os olhos que são da cor do meu café pela manhã, olhos que brilham mais que dezenas de estrelas quando olhas para mim, olhos cheios de sonhos. Olhos que me sorriem. E percebo que tinha razão, não existem felizes para sempre e tudo é temporário e nada dura para sempre e que os corações também partem, mas por vezes, por um momento, o tempo para, as estrelas alinham-se e tu abraças-me. E é nos teus braços que eu sinto como se finalmente tivesse encontrado o meu lugar. É nos teus braços que sinto, ás vezes, o paraíso.